12 de abr. de 2013
Analise: Fatal Frame III: The Tormented
A essa altura todos já devem saber que quem popularizou os jogos de terror foi "Resident Evil" da Capcom, lançado pela primeira vez em 1996, para PSOne. Desde então diversas produtoras tentaram assustar os jogadores, algumas com sucesso, outras nem tanto. Um dos jogos candidatos foi "Fatal Frame", que manteve muitos dos maneirismos do clássico da Capcom, mas também incorporou grandes doses de novidades, transformando-se numa das franquias mais queridas e assustadoras.
Resumindo, a terceira versão funciona de maneira similar aos dois episódios anteriores, obviamente com um novo enredo - que, aliás, é um dos seus pontos fortes, amarrando os nós dos antecessores - e outras situações de susto. E mantém todos os acertos e defeitos vistos em toda a franquia.
Isso sim é pesadelo
Desta vez o horror recai sobre três personagens simultaneamente: a protagonista deste episódio é a fotógrafa freelancer Rei Kurosawa, que perdeu o noivo num acidente de carro; e, quando ela fotografava uma casa abandonada, a imagem do rapaz apareceu em uma das imagens reveladas. A partir daí, a moça passa a ter estranhos pesadelos, que se passam exatamente nesse local, onde encontra uma misteriosa mulher com uma tatuagem.
Os outros dois personagens são Miku Hinasaki, que protagonizou o primeiro "Fatal Frame", e Kei Amakura, tio de Mayu e Mio, as gêmeas do segundo episódio. Como se vê, o terceiro capítulo vem para explicar todos os mistérios da série, mas não é necessário ter jogado os títulos passados, pois há uma recapitulação - mesmo assim, obviamente quem os conhece terá uma imagem mais completa de todos os acontecimentos.
Cada um desses personagens possui habilidades únicas: Kurosawa é o mais equilibrado, enquanto Amakura é capaz de mover coisas pesadas e pular grandes distâncias, mas enfrenta dificuldade com os fantasmas - os inimigos do game -, pois sua sensibilidade espiritual é muito baixa. Exatamente o contrário de Hinasaki, que possui alta mediunidade e pode até atravessar lugares estreitos, pois sua estatura é menor.
O sistema de jogo não muda muito em relação ao dos antecessores. Quer dizer, na pele de um dos personagens, o jogador deverá explorar diversos ambientes, mais ou menos similares a um "Resident Evil: Code Veronica", por exemplo. Mas, em vez de zumbis, os inimigos serão fantasmas, e balas não surtem efeito contra eles. A arma deste game será uma máquina fotográfica especial, chamada Obscura, mas o funcionamento não é lá tão diferente de uma pistola: basta apontar e acioná-la.
Hóspede maldito
Novamente, a capacidade de envolver o jogador e, conseqüentemente, de assustá-lo é um dos pontos mais marcantes de "Fatal Frame III: The Tormented". Como sempre, o estilo de horror é um pouco diferente de "Resident Evil" ou "Silent Hill". Trata-se de uma maneira oriental de assustar, como se vê em filmes como "O Chamado".
O enredo, visual e parte sonora formam o tripé que cria uma das atmosferas mais sombrias dos games de terror. A história envolve fenômenos sobrenaturais, fantasmas e mortes estranhas, além de diversos mistérios, como uma aterrorizante tatuagem que invade o corpo da protagonista.
O visual reproduz bem o ambiente caótico de uma mansão abandonada, por exemplo. Têm-se sinais de que o lugar já foi habitado, mas agora só resta a sujeita e os sinais da carcoma. Mas o jogador sabe que não está sozinho nesses lugares; pior, são espíritos que, mesmo não sendo malignos, não perdem a chance de provocar um belo susto. Naturalmente, todos os ambientes são escuros e a pouca claridade provém de uma singela lanterna.
E não se trata daqueles truques baratos que fazem saltar da cadeira. O estilo aqui é mais oriental, gelando a espinha e arrepiando os cabelos. Primeiro, como dito, cria-se um clima de suspense, para depois os espectros aparecerem em forma de vultos, sons e durante troca de câmeras. Muitas situações são clichês, como quando você abre um compartimento e aparece uma cabeça no meio da penumbra. Mesmo assim, o susto surte efeito, principalmente quando você é pego de surpresa. Algumas vezes, as aparições são pouco perceptíveis e, por isso mesmo, ao se dar conta, o impacto será muito maior. E sons desconfortáveis também ajudam a criar um clima nada amistoso, além de dar aquele empurrão no ponto culminante.
Esses sempre foram os pontos fortes de "Fatal Frame", mas, infelizmente, "The Tormented" também manteve os principais defeitos da franquia. Para começar, o movimento dos personagens é muito lento. Talvez seja para combinar com o ritmo das aparições fantasmagóricas, mas essa lentidão continua causando irritação.
Controles atormentados
As câmeras dramáticas trazem, por um lado, ângulos cinematográficos para as cenas - e nesse quesito "Fatal Frame III" está melhor que nunca -, por outro, não colaboram na hora de controlar os personagens. É fácil ficar desorientado entre uma cena e outra, além de a posição quase fixa de câmera não contribuir para a precisão dos movimentos. A franquia "Resident Evil" tinha o mesmo problema, mas melhorou soberbamente em "Resident Evil 4", quando ganhou uma câmera similar à visão de primeira pessoa.
Os controles também deixam a desejar no controle da câmera Obscura. Até existem dois esquemas para controlar os personagens nessa visão, mas o problema é combinar a segunda configuração com o botão para acelerar a rotação, afinal você tem apenas um polegar direito.
Por falar nos "combates", existem alguns espíritos bem chatos desta vez, com movimentos rápidos ou que ficam desaparecendo, obrigando o jogador a alternar entre a visão de câmera e a normal a toda hora, tornando a batalha maçante em alguns momentos. Noutras vezes, o ambiente também atrapalha os confrontos.
Como sempre, é possível afetar os inimigos simplesmente apontando e disparando o obturador, mas a eficiência máxima só ocorre nos momentos fatal frame, que acontecem quando o medidor espiritual está cheio, com o fantasma no centro da mira e perto, além de acionar o botão durante seus momentos vulneráveis. Com isso, o oponente recua e isso permite fotografar novos fatal frames em seguida, resultando em combos. Naturalmente, fica cada vez mais difícil à medida que a seqüência vai se estendendo, mas isso resulta também em pontuações maiores, que podem ser usados para melhorar diversos aspectos do personagem e da câmera.
Existem vários itens que melhoram a funcionalidade da Obscura, como um indicador luminoso que avisa os momentos do fatal frame, por exemplo. Além disso, lentes especiais ajudam nos combates, como aquela que deixa os inimigos lentos. Esse recurso gasta um medidor auxiliar, que se recupera ao exorcizar fantasmas. A troca das lentes ficou mais fácil, com o uso do direcional digital.
Além dos ectoplasmas hostis, existem aqueles espíritos que aparecem e somem logo em seguida - alguns desaparecem realmente rápido, exigindo ótimos reflexos e boa estratégia. Em geral, fotografá-los está mais difícil, mas rendem uma boa pontuação, principalmente aqueles mais complicados de tirar uma foto.
A câmera também serve para resolver alguns dos mistérios: algumas áreas só podem ser acessadas ao se exorcizar certos espíritos. Há também chaves e quebra-cabeças, mas a variedade não é muito grande.
Visual fatal
O visual está melhor que os dois "Fatal Frame" anteriores. Os cenários do mundo dos sonhos, como a mansão assombrada, por exemplo, foram projetados com inúmeros objetos, que resultam em variedade e verossimilhança. Não se trata de ser fotorealista, mas de ser um ambiente que envolve o jogador. O bom trabalho de luz e sombra também tem um papel importante no clima, mas cenários mais simples, como o apartamento da protagonista no mundo real, ficaram menos impressionantes.
Os personagens são bem modelados, mas mantêm aquela animação e expressividade de uma boneca de plástico, ao menos durante o jogo. Nas cenas não-interativas, a qualidade da imagem aumenta consideravelmente, pois foram feitos com gráficos pré-renderizados. O design dos fantasmas são assustadores, com aquelas caretas apocalípticas, típicas dos filmes de horror japonês.
A trilha sonora também tem um papel importante no clima, mas na maior parte do tempo o silêncio predomina. O que mais se ouve são os passos dos personagens ou algum barulho incidental, quando um fantasma surge, por exemplo. À medida que se aproxima de determinados espíritos, um ruído desconfortável vai ficando cada vez mais alto. Durante os combates, uma trilha amedrontadora aumenta a tensão e os tons graves tornam o horror ainda mais sufocante.
Três não é demais
"Fatal Frame III: The Tormented" retoma os bons e maus momentos da franquia. Se, por um lado o clima continua a ser valorizado e se traduz numa das experiências mais aterrorizantes dos videogames, por outro a ação lenta e os combates às vezes enfadonhos, somados a um controle que pode ser melhorado, prejudicam o ritmo da aventura.
Quem já gostava dos antecessores, não terá motivos para rejeitar o episódio que amarra a trama, mas aqueles que já não os suportavam não terão motivos para mudar de opinião. Para os que nunca tiveram a oportunidade de experimentar, este é um bom começo. Mas prepare-se para tomar sustos e correr o risco de não pregar os olhos mais tarde. Ainda mais se estiver jogando no escuro e com fones de ouvido.
5 comentários:
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E´um belo jogo esse hein eu tenho o primeiro da franquia só que ainda não consegui zerar ele ainda.
ResponderExcluirUma analise grande dessa sem fotos?
ResponderExcluirDeve ser brincadeira.
Ja postamos imagens conforme seu pedido.! É que estavamos com um problema no sistema para colocar links' no blog.!
ExcluirVlw agora tá bem melhor!!! Desculpe se ofendi você ou alguma coisa do tipo pelo meu comentário. Blog NOTA 10.
Excluircopiado da videoanalise UOL
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